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Tu vieste.

"...Vieste, sem que eu suspeitasse, sem avisar, nem um telefonema antes, uma mensagem... E foi assim que eu não tive tempo pra me preparar.
Não tive tempo pra me sentar diante do espelho e fazer aquele penteado que eu sei que você gostaria, nem de tirar do roupeiro o vestido rodado – cheirando a guardado - de “mocinha-que-está-esperando-o-amor-chegar”.
Quando chegaste, eu não havia ainda perfumado toda a casa pra te receber, nem pensado no que te dizer. E não tive tempo de colher do jardim as flores que atravessaram primaveras esperando o momento da tua chegada, as que preencheriam o vaso oco de cima da mesa da sala-de-estar. Não pude te preparar algo de beber, nem algo de comer. É que eu devia saber desde o início que tua vinda assim sem dizer, era um modo de me ter crua, despreparada, como tudo aquilo que você sempre preferiu. É a tua simplicidade quem sempre joga todos os meus planos perfeccionistas pelo chão e me faz feliz.
Eu, na verdade, já nem imaginava mais que tu virias.
Mas tu vieste à mim como vem o sol para a noite fria. Vieste com doçura e me encheste a vida e o querer de cores. Vieste puro, cheio de sorrisos e com um punhado de suspiros guardados no bolso.
Vieste como há séculos havíamos combinado.
E foi quando me deste a mão, que eu te reconheci.

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