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NÃO SEI, SÓ SEI QUE FOI ASSIM


"Tudo o que é bom de verdade, nessa vida, deixa você totalmente despenteada.
Fazer amor? Despenteia.
Gargalhar? Despenteia.
Viajar, voar, correr, entrar no mar, tirar a blusa? Despenteia.(...)
Dance, namore, relaxe, viaje, pule, durma tarde, acorde cedo, fique à vontade, fique bem, fique linda e principalmente deixe a vida te despentear.
O máximo que pode acontecer é você ter que, com um sorriso diante do espelho, voltar a se pentear. Porque o mundo está belo. Definitivamente belo."


[Trecho da campanha "Viva e Despenteie-se" da Seda]





.::. Algumas semanas se passaram até eu ter coragem de sentar meu bumbum querido nessa cadeira meio dura, meio confortável pra falar de você. Os dias passaram voando e eu não consegui assimilar bem o que estava acontecendo com a minha inspiração que resolveu ir embora, com o meu bom senso que deu lugar à minha risada de criança e com a minha eterna mania de julgamentos a atos alheios que deu espaço à um juíz bem melhor do que eu sempre fui -- e jamais serei -- só pra julgar meus atos inseguros.



E você apareceu numa hora que a minha insegurança estava tão gritante que quase ensurdeceu a minha vontade de qualquer tipo de amor. Mas por uma sagacidade dos nossos destinos, acabou mesmo ficando só no quase...



E eu acabei nem tendo tempo de olhar direito pra mim, porque eu não estava conseguindo parar de olhar pra você. Você, sem nem ao menos se dar conta, acabou dimunuindo em mim a única coisa que me afastava de qualquer possibilidade de felicidade em um relacionamento com outra pessoa; eu que sempre fui tão boa em falar sobre casais nunca consegui, por muito tempo, fazer parte de um deles porque eu sempre tive o meu próprio umbigo como base de comparação para qualquer coisa que acontecesse no mundo.



O seu altruísmo histérico por mim me fez ver que gostar só de si mesmo não fazia o menor sentido, não tinha a menor graça. E devagarzinho eu fui te entregando os pontos, as pontas, as partes, os pedaços quebrados do meu coração pra você colar com aquela mesma cola forte que você usa na hora que estamos entrelaçados um no outro, respirando vida e quase se afogando nos próprios suspiros longos, na respiração palpitada. Eu me entreguei ao todo e junto com a minha redenção as minhas sílabas foram embora também.



Eu tentei compassar cada palavra que eu te dizia, mas quando me dei conta as palavras que eu pensava em dizer já estavam saindo da sua boca antes mesmo que eu abrisse a minha. Você me lia nas entrelinhas e provava que quando as peças se encaixam perfeitamente os manuais são absolutamente dispensáveis.



Mas eu precisava, de algum jeito, mostrar com palavras minhas, tudo o que eu tenho aqui dentro e não consigo porque a felicidade aguda me emudeceu de uma forma que eu nunca tinha presenciado antes. Eu fico muda pensando em todas as coisas que eu queria dizer e não consigo e acabo meio que asfixiada no turbilhão de sentimentos que estão aqui dentro desse coração e tão estampados na minha cara que só alguém bem idiota não conseguiria perceber. Eu tento me aliviar do seu cheiro, da sua forma e da sua presença pra ver se encho meus pulmões de ar, oxigenando meu cérebro, pra conseguir a explicação plausível pra tanta felicidade.



Eu que sempre fui tão racional.



Mas aí eu percebo que você está em toda parte e respirar você é muito mais perfeito do que qualquer suspiro forçado seria na sua ausência. Eu não quero nunca a sua ausência. E, se esse for um pré-requisito, também não quero nunca minha inspiração de volta.



Obrigada por ter feito dessa hipotética mulher, uma mulher irritantemente feliz de verdade.

[Rani G.]

CAGANDO E ANDANDO


.::. Não é por um amor medíocre, de poucas emoções e sentimentos quase nulos que as pessoas vivem a vida inteira, se instruem, se arrumam, se projetam e perdem grandes quantidades de tempo esperando, ansiando, imaginando. Não foi por uma cama qualquer, em qualquer lugar do mundo com qualquer pessoa que tivesse mais pêlos que eu no rosto que eu sonhei entregar aquele trequinho pulsante que fica dentro de nós, embaixo de ossos, mas os românticos cismam chamar de coração.



Você me chamava de coração, e eu achava lindo. Era lindo porque o seu coração era aquele fisiologicamente impossível, aquele que tem dois arquinhos em cima e uma pontinha embaixo, não aquele que eu aprendi certa vez na aula de biologia; aquele gosmento que se mexia involuntariamente dentro de mim. Era bonitinho ser chamada de coração porque pra alguém que sempre idealizou demais todas as verdades nojentas da natureza, o coração vermelhinho igual ao do danoninho era o ápice do romance, era quase compromisso eterno.



Sabe o que é engraçado? Eu nunca na minha vida fui daquele tipo de menininha retardadinha que só quis amorzinho chambinho, de mãozinhas dadas em looongos passeios pela rua ladrilhada com pedrinhas de brilhante. Definitivamente nunca tive vocação para "inha". Só que você chegou todo manso, de uma hora pra outra, e veio instalando dentro da minha boca uma vozinha forçada de criança que eu sempre abominei quando vi sair da boca de qualquer outra pessoa que fizesse parte de qualquer outro casal. Eu fui ficando boba demais pra toda a minha pompa de moderna e o meu disfarce mais perfeito caiu bem na sua frente junto com a minha vontade de não sentir vontade de ser bonitinha às vezes.



Mas é cômico não? Entra ano, sai ano e os finais pra todos e quaisquer começos meus nunca mudam. Nunca.



E aí pra não perder o fio da meada você também foi embora, assim, como todos e quaisquer outros. Como todos os outros você também têm aquela coisa da fisiologia masculina humana pendurada no meio das pernas; essas, que por sua vez fazem parte tanto da fisiologia feminina quanto da masculina. Você, como todos os outros, tinha a vírgula pendurada que impedia que qualquer continuidade sem interrupções acontecesse na frase. Não importa quanto tempo demore, a vírgula, inevitalvemente, uma hora nos leva ao ponto final.



A Marisa Monte disse uma vez: "O meu coração é um músculo involuntário e ele pulsa por você...", e quem sou eu pra discordar?



Então, discordar eu não discordo, mas o meu coração de chambinho pode pular o quanto ele quiser dentro dessa caixa toráxica em cima do meu diafragma; há uma coisa dentro da minha outra caixa -- a craniana -- que me diz que eu não devo ligar, e pra falar bem a verdade, eu estou cagando e andando pro bate-bate na caixa de baixo. E que me desculpem as pessoas que entendem melhor de biologia do que eu.

[Rani G.]

EU TENHO MEDO DO ESCURO

"Não me deixe só. Eu tenho medo do escuro. Eu tenho medo do inseguro. Dos fantasmas da minha voz"
[Vanessa da Mata - Não me deixe só]






.::.Aí eu fechei os olhos e esperei a dor vir devagar... esperei ela consumir o meu corpo porque, com o corpo amortecido, a felicidade que viria depois seria aproveitada desde o começo e a cada polegada.O escuro ia ser atravessado pela claridade da felicidade possível e eu ia sentir a emoção latejar dentro de mim e corromper os meus medos tornando-os em sentimentos mais reais do que os de aflição.



Aí eu abri os olhos, e você continuava perto de mim, você continuava em cima de mim, do meu lado, ao meu redor... você pedia silêncio e eu prendia a respiração com medo de respirar muito você e não querer outro cheiro no mundo. Eu lutei feito menino de rua por comida, bloqueei todas as minhas emoções pra não virar dependente do gostar de você, travei meu coração com cadeado de ferro e esperei que ele enferrujasse sem que você tocasse nele.



Aí você foi delicado, e foi encantador, e foi tudo aquilo que eu queria que você não fosse porque eu não tinha nos meus planos me apaixonar por você. Você foi meu amigo pra depois eu não poder dizer que não confiava em você; você foi meu confidente pra no momento que eu resolvesse mentir que não sentia nada eu me lembrar que pra você a mentirinha repetida não resolveria...



Aí eu pensei em correr pra longe e espantar de perto de mim qualquer vontade besta que eu tivesse de ficar com você pra sempre; só que você foi muito mais rápido e me mostrou que eu fui muito mais besta tentando fingir não querer estar ali do que admitindo de uma vez que eu já estava ali fazia tempo. E eu fiquei chorosa e contente, do jeito que só eu sei fazer, fazendo drama demais pra estampar uma felicidade displicente.



Aí eu me joguei de cabeça, porque na minha vida nunca houve meio termo, nunca houve o morno, o ponto médio, o mais ou menos. Eu fui logo de uma vez correndo o risco de quebrar o pescoço na queda, de perder o fôlego no mergulho, de quebrar minha asa no salto. Eu fui de uma vez porque eu sabia que o meu dicernimento psicopata me mandaria assassinar o meu super ego e chutar com força minhas chances de borboletas no estômago e final feliz. Eu fui correndo e nem olhei pra trás pra não me lembrar das vezes que eu chorei e não acabar dizendo pra mim mesma, no meu monólogo interminável, que eu podia me dar mal.



Aí eu estou aqui, agora. Curvada na minha vaidade esperando o momento da queda, esperando que a queda não venha, esperando que as teses todas falhem e eu possa me sentir menos falha pra gostar de você. Eu me dobro na sua frente e fico quietinha vendo o egoísmo na altura do meu umbigo, e a desenvoltura que você tem em me deixar pequenininha perto do seu eterno altruísmo.



Aí eu fiquei calada e pedi pra você me abraçar forte, deitar do meu lado e nunca apagar a luz... afinal de contas, eu ainda tenho medo do escuro.

[Rani G.]


"Há algo no seu sorriso, nos seus passos, no jeito engraçado de falar sem parar… Algo que me completa, que me desconcerta, que eu já conhecia antes mesmo de conhecê-lo… Uma sensação confortável, acolhedora. º
Lembrança de algo que está no presente e que transformou os planos futuros…
Que me dá paz apenas por estar ao meu lado, caminhando junto. Esse ser com quem tenho passado dias maravilhosos, e cuja presença tornou o meu mundo tão mais agradável. Quem é ele? Amor, meu grande amor, Cesar Valente, o menino dos meus olhos, meus pensamentos e meu coração." *

------"Escolhi você pra minha vida, e definitivamente. E essa é, sem dúvida, a melhor coisa do mundo."-------

O Último

Eu me descubro ainda mais feliz a cada pedaço seu e de tudo o que é seu...
Às vezes você é tão bobo, e me faz sentir tão boba, que eu tenho pena de como o mundo era bobo antes da gente se conhecer.
Eu queria assinar um contrato com Deus: se eu nunca mais olhar para homem nenhum no mundo, será que ele deixa você ficar comigo pra sempre? Eu descobri que tentar não ser ingênua é a nossa maior ingenuidade, eu descobri que ser inteira não me dá medo porque ser inteira já é ser muito corajosa, eu descobri que vale a pena ficar três horas te olhando sentada num sofá mesmo que o dia esteja explodindo lá fora.
E quando já não sei mais o que sentir por você, eu respiro fundo perto da sua nuca, e começo a querer coisas que eu nem sabia que existiam.
Quando a gente foi ver o pôr-do-sol na Praia, e a gente ficou abraçado,e a gente se achou brega demais, e a gente morreu de rir, eu senti um daqueles segundos de eternidade que tanto assustam o nosso coração acostumado com a fugacidade segura dos sentimentos superficiais.
Eu olhei para você com aquela sua sueter que te deixa com tanta cara de homem e me senti tão ao lado de um homem, que eu tive vontade de ser a melhor mulher do mundo.
E eu tive vontade de fazer ginástica, ler, ouvir todas as músicas legais do mundo, cozinhar, arrumar seu quarto, escrever um livro, ser mãe.
E aí eu só olhei pra bem longe, muito além daquele Sol, e todo o meu passado se pôs junto com ele. E eu senti a alma clarear enquanto o dia escurecia.
Eu te engoli e você é tão grande pra mim que eu dedico cada segundo do meu dia em te digerir.
Eu preciso disfarçar que não paro mais de rir, mas aí olho pra você e você também está sempre rindo. Se isso não for o motivo para a gente viver, já não entendo mais nada desse mundo.
E eu tento, ainda, tentar achar defeito na gente, tentar estragar tudo com alguma sujeira. Mas você me deu preguiça da velha tática de fuga, você me fez dormir um cd inteiro na rede e quando eu acordei o mundo inteiro estava azul.
Engraçado como eu não sei dizer o que eu quero fazer porque nada me parece mais divertido do que simplesmente estar fazendo. Ainda que a gente não esteja fazendo nada.
Eu, que sempre quis desfilar com a minha alegria para provar ao mundo que eu era feliz, só quero me esconder de tudo ao seu lado. Eu limpei minhas mensagens, eu deletei meus emails, eu matei meus recados, eu estrangulei minhas esperas, eu arregacei as minhas mangas e deixei morrer quem estava embaixo delas.
Eu risquei de vez as opções do meu caderninho, eu espremi a água escura do meu coração e ele se inchou de ar limpo, como uma esponja.
Uma esponja rosa porque você me transformou numa menina cor-de-rosa.
Você me transformou no eufemismo de mim mesma, me fez sentir a menina com uma flor daquele poema, suavizou meu soco, amoleceu minha marcha e transformou minha dureza em dança. Você quebrou minhas pernas, me fez comprar um vestido novo, tirou as pedras da minha mão. Você diz que me quer com todas as minhas vírgulas, eu te quero como meu ponto final.

O amor é lindoo!
Tati Bernardi

Ele em Mim


Eu queria escrever palavras bonitas pra ele, cheias de sentimento e de ternura. Dizer que o amo como nunca quis amar alguém por temer parecer idiota. Que eu adoro todas as suas bobagens e quando o seu umbigo fica junto do meu. Ta, pode parecer tolice, pode ser apenas dois um umbigos unidos casualmente por alguns instantes, mas é o dele no meu e isso é especial. Que sou viciada no seu sorriso e dependente do seu abraço. Não queria parecer ríspida ou dura, mas também não queria dar bandeira demais, mostrar que ele é tudo pra mim e que sem ele, talvez, a vida já não fizesse o menor sentido.Que eu sonho e desejo algumas coisas que ele me diz ao pé do ouvido, quando estamos sós, que nossos momentos são só nossos, e tudo, até as coisas que para ele passam despercebidas ou o faz sem querer, são para mim o máximo. Que eu me sinto como uma criança quando estou em seus braços, capaz de realizar tudo o que eu sonho e até, querer viver um conto de fadas. Que a forma como ele mexe no nariz me deixa com uma enorme vontade de colocá-lo no colo e cobri-lo de carinhos. Que ao lado dele, eu me sinto a pessoa mais protegida e feliz do universo inteiro. Que eu passaria o resto da minha vida na pontinha do pé, para poder alcançá-lo, e abraçá-lo, e beijá-lo. Que eu me sinto imensamente feliz quando deixo recadinhos para ele, sabendo que muitas outras pessoas verão e sentirão explícito o meu amor e carinho. Que eu sinto todos os dias o mesmo frio na barriga quando o vejo pela primeira vez. Que eu superaria todos os meus medos para tê-lo sempre comigo, porque o medo maior é o de perdê-lo. Que, para mim, ele não passa de um menininho pequenininho, que cabe bem em meus braços e eu tenho que protegê-lo e cuidá-lo com toda a atenção do mundo. Que, na grande maioria das vezes que eu paro e o fico observando, na verdade eu estoupensando “esse meu coração que bate junto com o seu, que te ama de todas as formas, e todas as horas, com todas as caras! Porque tudo, até o ar que eu preciso pra viver, é você!” E que eu o amo tanto, mas tanto, que prefiro me calar algumas vezes e guardar minhas idiotices só para mim. Porque ele também sou eu.