Somos Real.

 Ela se deita na cama e me convida para deitar junto à ela. Não será uma noite de sexo, mas sim carinho e parceria. Estamos deitados de conchinha, meu rosto está envolvido pelos longos fios de seu cabelo e o cheiro que sinto é o cheiro dos céus. Seu perfume, Flower, parece vindo do jardim dos deuses, nada pode ter um cheiro tão sublime e irresistível, e sua pele é macia como a capa que envolve os pêssegos. Eu mordo sua orelha e ela sorri, contraindo o pescoço, sente cócegas e também contrái os pés que, gelados, se unem aos meus... e um aquece o outro. Estamos totalmente nus, porque roupas aqui, são extremamente desnecessárias. Ela passa vagarosamente suas mãos pelas minhas pernas, e nota como tenho me exercitado, em seguida faz uma piada de duplo sentido e ri meio envergonhada do que disse, nessa hora eu a abraço um pouco mais forte e ela fecha os olhos e relaxa o corpo. Ela confia totalmente em mim. Não existe mais ninguém, somos eu e ela e nossa cama, num quarto de paredes azul-claras (tiffany blue como ela sempre gostou de chamar, sua cor favorita), lençóis e travesseiros brancos e limpíssimos, uma janela entre-aberta de onde uma breve brisa balança em ondas a leve cortina branca que parece dançar para nós. O dia não tem fim, e podemos sentir de lá de fora o cheiro do campo depois de uma leve garoa. Nós dois somos sagrados, um para o outro, somos dois seres superiores, acima de qualquer convenção social ou necessidade que o mundo moderno possa impor. Poderíamos não precisar trabalhar, estudar ou dar notícias para nossas famílias, vivendo um do outro somente, é tudo que queríamos. Nós somos o melhor de cada um e juntos somos o melhor que podemos ter, juntos somos um só ser. Ela está aqui e ela quer estar aqui. Ela optou por mim, ela decidiu pelo meu amor e decidiu que me ama também.